As senadoras Lídice da Mata (PSB-BA) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) deram entrada com um pedido de instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a política praticada pela Petrobras, nesta terça-feira (29).
As senadoras querem saber por que a Petrobras, uma das maiores petrolíferas do mundo, com Pedro Parente na presidência, praticamente abandonou o refino de petróleo no país, elevando os preços dos combustíveis e do gás de cozinha a valores inimagináveis, principalmente num país produtor de petróleo.
Para justificar a abertura da CPI, que teve assinaturas de apoio até de senadores da base governista, elas afirmam que “o presidente da Petrobras, tido como homem de mercado, além de dirigir uma das maiores empresas de petróleo do mundo e, em condições normais, maior empresa brasileira com ações na Bovespa, assumiu recentemente a presidência do conselho administrativo da BRF S.A. Até bem pouco tempo presidiu o conselho administrativo da BM&FBovespa. Há que se imaginar que a complexidade de uma empresa estatal e estratégica como é a Petrobras exige exclusiva atenção e direcionamento de sua gestão”.
Ivânia Pereira, vice-presidenta da Central dos trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) se diz alegre com a saída de Pedro Parente da direção da Petrobras, mas argumenta que “é preciso ir fundo nas investigações sobre o gerenciamento da empresa nestes dois anos para saber por que os combustíveis e o gás de cozinha ficaram tão caros”.
Além disso, ela sinaliza sobre a necessidade de “termos informação sobre a intenção de o desgoverno Temer de privatizar a nossa maior estatal e uma das maiores petrolíferas do mundo”.
Um dos assinantes do requerimento, o senador Otto Alencar (PSD-BA) disse ao Jornal do Brasil, que a CPI “foi o único jeito que o parlamento encontrou para fazer Pedro Parente, o insubstituível e intocável representante do mercado, explicar por que trabalha mais em função dos acionistas representantes das petroleiras do que por uma política de preços justa que respeite as políticas públicas do Estado, principal acionista da Petrobras”.
Já Grazziotin alega que “a proposta é que seja uma CPI exclusivamente técnica com um prazo de funcionamento de 30 dias para estudar a política do preço do combustível praticado pela Petrobras. É necessário abrir a caixa-preta da empresa”.
As autoras da CPI dos preços dos combustíveis ressaltam que a Petrobras está sendo sucateada “com saída do transporte de gás, dos bicombustíveis, da petroquímica, dos fertilizantes, da energia elétrica etc. A empresa, ao contrário da Shell, Exxon, Statoil, etc, está concentrando na produção de petróleo, e deixando de ser uma empresa de energia”.
Exatamente por isso, acentua Vânia Marques Pinto, secretária de Políticas Sociais da CTB, “nós apoiamos a realização dessa CPI parar mostrar à opinião pública os reais interesses que guiaram o ex-presidente da Petrobras. Política inteiramente voltada para os interesses de acionistas e petrolíferas estrangeiras, contra os interesses do país e do nosso povo”.
Ela questiona também a quem interessa a privatização da Petrobras. “A política de preços praticada parece estar afinada com a retirada da prioridade da estatal brasileira da exploração do pré-sal e da retirada da destinação dos royalties do pré-sal para a educação e a saúde”.
Para Vânia é impossível tirar dinheiro da educação e da saúde para suprir o desconto nos preços do diesel, “os valores estão exorbitantes e devem baixar, mas a educação e a saúde públicas precisam de mais investimentos e não de cortes deles”.
Já o pedido das senadoras da oposição a Temer conclui que a “adoção de modelo de negócios baseado em premissas falsas, tem o objetivo de maximizar o valor para acionista no curto prazo, comprometendo o futuro da empresa em prejuízo do Brasil”.
Fonte: Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB com agências. Arte: Duke