Entidades sindicais demonstram disposição de ir à greve contra política salarial da União
O embate entre o Governo Federal e as entidades representativas de servidores públicos federais neste ano promete ser ainda mais intenso que o do 2011. Enquanto o governo Dilma dá claros sinais de que pretende manter a política de não reajustar os salários do funcionalismo, dirigentes sindicais respondem que a greve pode ser o instrumento que abrirá as trincheiras montadas pela União. Uma possível paralisação neste primeiro semestre, que pode reunir cerca de um milhão de servidores públicos, começa a ser discutida já em fevereiro.
Presidente do Sindifisco Nacional, que representa os auditores-fiscais da Receita Federal, e do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), Pedro Delarue espera que as negociações com o governo apresentem resultado até abril. “Senão, a partir de maio, para que justamente não aconteça o que aconteceu no ano passado, nós vamos ter de começar a demonstrar mais claramente a nossa insatisfação. Eu estou prevendo movimentos de greve, não só dos auditores-fiscais, mas de uma série de categorias de funcionários públicos ”, alerta.
Pauta antiga – Segundo Delarue, ficou alinhavado em 2011 que haverá rodadas de negociação a partir de março. Em função da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), esse processo tem de ser concluído até 31 de agosto, data limite para o encaminhamento de projeto de lei com a previsão de reajuste ao Congresso Nacional.
Secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Josemilton Costa concorda com Delarue. Para ele, a tônica do movimento sindical será diferente do ano passado e a hipótese de greve ganha força em meio à categoria. “Não vamos deixar o processo negocial se estender até o prazo limite de 31 de agosto como o governo nos submeteu no ano passado”. Josemilton lembra que a pauta de negociações que está em curso é antiga e muitos temas vêm sendo discutidos desde 2009.
“As entidades, como sempre, irão apostar nas negociações. Se houver endurecimento do lado de lá, com certeza as coisas irão endurecer do lado de cá. E a greve é o nosso principal instrumento de luta, quando se esgotam as possibilidades de diálogo nos processos de negociação”, advertiu.
A Condsef já organiza uma jornada de protestos nos dias 12 a 16 de março, que deve terminar com uma manifestação em Brasília. O objetivo é trabalhar a mobilização dos servidores nos estados e preparar a categoria para um indicativo de greve na segunda quinzena de abril, caso o governo não apresente propostas concretas para o setor até o mês de março.
As lições aprendidas a duras penas em 2011 serão, agora, utilizadas para equilibrar o jogo com o governo. Delarue lembra que a falta de reajuste em 2011 e neste ano provocam uma defasagem salarial de aproximadamente 15%.
O Sindifisco e o Fonacate vão caminhar juntos em direção ao cumprimento do que estabelece a Constituição Federal. “Ela obriga o governo a dar um tratamento de valor real aos salários dos servidores e o governo vem descumprindo isso sistematicamente”, afirma o sindicalista.
Publicado em 13/01/2012
Por: Isaac Marra – Jornal de Brasília
Fonte: Página da Condsef – www.condsef.org.br