Autor(es): » ROBERTA ABREU » MANOELA ALCÂNTARA |
Correio Braziliense – 31/07/2012 |
Apesar dos 25% de reajuste salarial mínimo oferecidos pelo governo aos professores, servidores da Universidade de Brasília decidem manter a paralisação. O movimento ultrapassa os 70 dias, atrapalha a vida universitária e obriga a instituição a refazer o calendário A paralisação na Universidade de Brasília alcança hoje o 73º dia e atrapalha cada vez mais o planejamento universitário. A proposta da Associação dos Docentes da UnB (AdUnB) de retomar as atividades na instituição de ensino superior foi recusada em assembleia ontem à tarde. Seguindo a orientação do Comando Local de Greve (CLG), 219 pessoas votaram pela continuidade do movimento e 54 contra. A decisão obriga a UnB a adiar e a refazer novamente o calendário. Os planos para aqueles que concluiriam o ensino superior no meio do ano, por exemplo, ficaram mais distantes. Além disso, os aprovados no vestibular não têm perspectiva de data para garantir a matrícula. As reivindicações da categoria são de âmbito nacional. A decisão pela continuidade do movimento ocorreu em meio a confusão. Embora pelo menos 430 pessoas tenham assinado a lista de presença, no momento da votação apenas 273 se manifestaram. A assembleia registrou atraso, e a apuração só começou por volta das 18h30. O presidente da AdUnB, Rafael Morgado Silva, ficou indignado ao perceber que havia uma minoria de apoiadores à proposta da entidade e pediu o cancelamento da contagem. Segundo ele, muitos professores com direito a voto não estavam no local. Rafael sugeriu que o pleito seguisse por meio de urna e de voto secreto, o que foi rejeitado pela maioria. Depois de 20 minutos de discussões acaloradas, o presidente da entidade deixou o local com a caixa debaixo do braço. Outra integrante da diretoria da AdUnB, Sandra Luz, deu continuidade ao processo. Apesar de um público menor, a proposta do CLG de continuar o movimento venceu por maioria. Patrícia Pinheiro, integrante do comando, afirma que o oferecido pelo governo — reajuste mínimo de 25% — não é suficiente (leia quadro). “Nós acreditamos na capacidade de negociação, de termos uma proposta mais adequada aos interesses dos professores, à educação de maneira geral”, afirmou Patrícia. Ela reclama e considera a diretoria da AdUnB “extremamente” autoritária. “Temos, desde o início da greve, disputas intermináveis com a direção, que não defende os interesses da categoria. A luta continua, a greve é forte e temos que continuar com o nosso pleito, que é justo e defende a educação”, completa. Semestre Se o movimento terminasse ontem e as aulas fossem reiniciadas em 1º de agosto, o calendário letivo estaria pronto. O primeiro semestre seria concluído em 15 de setembro, e o segundo, em 22 de fevereiro, com pausas previstas para recesso e descanso nos feriados de Natal e de ano-novo. “Com esta decisão de manter a paralisação, teremos que elaborar um novo calendário, ainda não sei como vai ficar”, lamentou o decano de Ensino de Graduação, José Américo Soares. 73 Em negociação O que reivindicam as categorias e quais as propostas do governo Professores » Salário inicial com piso equivalente ao do Dieese para 20 horas semanais, de R$ 2.329, » Instituição de uma carreira única para o professor do magistério superior e do ensino básico tecnológico. » Recuperação do patamar salarial do conjunto da categoria, sem discriminações internas entre segmentos, nem entre ativos e aposentados. Proposta do governo » Cria o vencimento básico e a retribuição por titulação. Oferece um reajuste mínimo de 25% e mantém o máximo, para os professores no auge da carreira, em 40%. Garante o aumento de 4% concedido por meio de uma Medida Provisória publicada recentemente. » Mantém quatro cargos distintos, sem unificação. » Institui valores nominais de Vencimento Básico e Retribuição por Titulação, a serem concedidos de forma parcelada. Servidores técnico-administrativos » Reposicionamento dos aposentados.O pedido é para que sejam reenquadrados com salários melhores. » Extensão da gratificações por titulação para todos os servidores. » Racionalização dos cargos. Evoluir de função aquelas pessoas que trabalhavam em serviços que não existem mais, como o de datilografia. Possibilitar ainda que eles sejam enquadrados dentro do trabalho prestado. Proposta do governo |