Após o ministro golpista da Educação, Mendonça Filho, ameaçar cobrar R$ 15 milhões das entidades estudantis por supostamente terem incentivado as ocupações de escolas contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, que congela investimentos em educação e saúde por 20 anos.
As entidades repudiaram essa manifestação autoritária. “A União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG), entidades nacionais representativas dos estudantes, vêm a público repudiar as declarações do ministro Mendonça Filho em que afirma que vai acionar a AGU para cobrar das entidades os prejuízos com o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2016 para os estudantes que fariam provas nas escolas ocupadas”.
A presidenta da UNE, Carina Vitral afirma que já são 171 universidades e mais de 1.200 escolas ocupadas em todo o país. “O movimento cresce porque é em defesa da educação pública e dos direitos de todos e todas poderem estudar e expressar seus anseios”.
“A CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) está junto com os estudantes porque somos contra qualquer tipo de ameaça sobre os estudantes e seus representantes. O diálogo é a melhor maneira de resolver a questão da educação”, defende Marilene Betros, dirigente da CTB.
Já o secretário da Juventude Trabalhadora, Vítor Espinoza, reforça os argumentos de Betros e afirma que “a juventude ocupa escola para resistir ao golpe à nossa democracia e as ameaças que pairam sobre a educação e saúde públicas com essa PEC”.
As ocupações se espalham. Na noite desta segunda-feira (7), cerca de 2.000 universitários ocuparam a Universidade Federal do Pará (UFPA), vencendo a tentativa de um grupo de fascistas de impedir a ocupação.
O estudante de Direito, Jorge Lucas Neves conta que a tentativa de “nos impedir feita pelo UFPA Livre acabou chamando mais atenção ainda e a mobilização foi grande e vencemos”. Marcos Fontelles, presidente da CTB-PA diz que a entidade apoia integralmente os estudantes.
“Apoiamos a luta da juventude que organizam as ocupações. Temos visitados os locais e participado de debates e conversado com os alunos”. Porque para “nós esse movimento é autêntico e em defesa de direitos dos estudantes e se toda a sociedade, que é ferida por uma PEC 55, perniciosa ao país”.
A própria direção da UFPA distribuiu comunicado em apoio ao movimento, onde reconhece “a legitimidade, respeita e dialoga com os movimentos contrários à aprovação pelo Congresso Nacional da Proposta de Emenda à Constituição 55/2016”.
Ato em Goiânia, capital de Goiás, nesta terça-feira (8) em apoio ao Dia Nacional de Paralisações de sexta-feira (11).
No Distrito Federal, os estudantes ocuparam nesta segunda-feira (7) a Câmara Legislativa. Em Belo Horizonte, o presidente da CTB-MG, Marcelino Rocha denuncia que após pressão de grupos fascistas, a reitoria pediu a reintegração de posse da PUC Coração Eucarístico.
“Água e luz foram cortadas, o banheiro trancado (mas alguns professores dos últimos horários estão ‘esquecendo’ o banheiro da Associação dos Docentes aberto) e o que é pior: a segurança está desde ontem impedindo a entrada de alimentos”, afirma.
“Os estudantes estão dando uma lição importante para toda a sociedade. Mostram que querem dialogar. Querem uma escola que não os amordace, que respeite a diversidade e os anseios da juventude. É pedir muito?”, pergunta Betros.
Fonte: Portal da CTB