BBB 21 acabou, mas deixou importantes debates. Desde o início, o programa apresentou diversas polêmicas e, mesmo quem não o assiste, se deparou com memes e textões na internet, pelos quais identifiquei uma correlação tão cara às relações de trabalho: o assédio moral. Esse tema, que ainda precisa de mais aprofundamento teórico e legislativo, é uma espinhosa arena para todos os envolvidos!
O que ocorre em sua maioria é o chamado assédio moral vertical descendente, cometido por um superior hierárquico contra um subordinado. As estatísticas e os relatos com os quais temos contato no movimento sindical confirmam a predominância dessa categoria. Porém, não é regra absoluta. Alguns relatos referem-se a outro tipo de assédio, menos discutido: o horizontal ou colateral – situação em que um colega de mesmo nível hierárquico assedia outro. Parece um contrassenso, visto que a hierarquia é elemento inerente ao assédio vertical e suas reiteradas expressões. Contudo, parte dos relatos, não menos importantes, se dá “pelo colega ao lado”, com elementos que vão além das circunstâncias profissionais: discriminação por raça, sexo, orientação sexual, religião, dentre outras. Um verdadeiro “bullying”, muitas vezes coletivo, se instala no ambiente de trabalho, causando sofrimento, constrangimento e adoecimento às vítimas.
E o que isso tem a ver com o BBB 21? Quem o assistiu testemunhou lamentáveis cenas de preconceitos entre os “colegas”, inclusive um outro menos discutido – o regional (a origem nordestina ou o sotaque goiano), em meio a um enredo de exclusão, agressões verbais e ofensas. Os cortes de cenas de tantas agressões e violências psicológicas me remeteram a estes relatos de assédio colateral que acompanhamos. Este debate gera um exercício de profunda reflexão sobre nossas relações colaterais no trabalho, se estamos sendo vítimas de algum tipo de assédio, e também se, de alguma maneira, podemos estar no polo ativo. Em tempos de tanto dedo em riste e cancelamento, é fundamental o exercício de humildade, escuta, empatia, respeito. Há marcas que nem mesmo a distância vivida no teletrabalho consegue cicatrizar. Respeito sempre!