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Por dentro do HC
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7/5/2013

Hospital das Clínicas se prepara para finalização de reforma. Unidade é a nona do País entre melhores atendimentos

O Hospital das Clínicas (HC) de Goiânia, fundado em 23 de janeiro de 1962, com 60 leitos e 67 funcionários, era vinculado à Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG). Atualmente funciona com 310 leitos, mais de 2 mil colaboradores, 14 áreas da saúde, 52 especialidades médicas que atuam diariamente no atendimento de cerca de 5 mil pacientes, além de realizar por mês, aproximadamente, 15 mil consultas, mil tipos de cirurgias e 40 mil exames complementares. No entanto, a assistência dada pelo órgão é fornecida ao Sistema Único de Saúde (SUS), prestando também serviços de alta complexidade.   

Desde 23 de março de 1984, o HC desvinculou-se da instituição de medicina, passando a ser de responsabilidade do Ministério da Educação e ficou subordinado como órgão suplementar da UFG, servindo de laboratório para áreas de unidade de ensino à saúde. Assim, os trabalhos do hospital são realizados por uma equipe multiprofissional que exerce função dupla, de assistência ao SUS e como hospital universitário, formando 1,2 mil profissionais da saúde aptos a trabalharem também na rede pública.

Neste contexto, a unidade de saúde acadêmica forma em média 1,2 mil profissionais de nível superior e técnico por ano. Hoje, a Maternidade Dona Iris é também um local de ensino universitário que oferece atendimento gratuito na área infantil, que recebe ajuda da Faculdade de Medicina e HC. No entanto, a especialidade do Hospital das Clínicas é atuar no tratamento geral das doenças eletivas que podem ser agendadas e não precisam ser realizadas em caráter de urgência. O atendimento é regulado pelo SUS e agendado pela Secretaria Municipal de Saúde (SME).

No Brasil são 46 hospitais federais de ensino universitário, o HC ocupa a nona posição do ranking de unidades de saúde referencial em tratamentos médicos do complexo de saúde do governo federal. Com a atual ampliação do Hospital das Clínicas, que aumentará a capacidade de atendimentos a pacientes do SUS, e os números de leitos para 600, a expectativa da gestão hospitalar é estar entre a primeira e segunda colocação. A obra orçada em R$ 80 milhões está prevista para ser entregue até o final de 2014, isso se não ocorrer problemas com as empresas licitadas e embargos judiciais.

A reportagem do Diário da Manhã entrevistou o diretor geral do HC da UFG, José Garcia Neto, sobre as atividades e programas desenvolvidos pelo hospital, em Goiânia. Ele administra o órgão há sete anos, e considera positivo os resultados da gestão em parceria com os Ministérios da Educação e Cultura (MEC) e da Saúde (MS), Ministério Público Federal (MPF), bancada legislativa federal e unidades da UFG.

 A gestão de José Garcia priorizou reformas e adequações do espaço físico do Hospital das Clínicas, priorizando uma agenda de reformas e adequações do espaço físico do HC, como as realizadas nos setores de Endoscopia, Centro Cirúrgico, Central de Material de Esterilização (CME), Serviço de Urgência Pediátrica (Serupe), Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, Hemodiálise, Clínicas Médica e Ortopédica, além da Farmácia Hospitalar, Pronto-Socorro Adulto e reforma da rede elétrica do prédio da unidade de saúde. Em andamento, encontram-se as reformas do Banco de Sangue e do Setor de Nutrição e as obras do Edifício de Internações, que contará com 18 andares e 600 novos leitos.

Entrevista – José Garcia Neto

Diário da Manhã – Quais as principais atividades médicas desenvolvidas pelo Hospital das Clínicas?

José Garcia Neto: “Nós atendemos uma média de 5 mil pessoas diariamente, desde consultas em 52 especialidades médicas, e em outras áreas como psicologia, enfermagem e fonoaudiologia, além de procedimentos cirúrgicos e diagnósticos, exames laboratoriais e clínicos, como endoscopia, ultrassom, mamografia, raio X, tomografia computadorizada e estaremos inaugurando, neste semestre, um aparelho de ressonância nuclear magnética que foi conseguido através de projeto apresentado ao MEC.”    

DM – Quem são as pessoas que podem ser atendidas pelo HC?

Garcia: “Cem por cento do nosso atendimento é para o SUS, e como o HC é referência nacional no atendimento médico, em diversas áreas temos a possibilidade de atender as pessoas de outras cidades do Estado de Goiás e do País que não tenha condições de tratamento. Praticamente 70% dos pacientes atendidos pelo hospital são de outras cidades e não de Goiânia”.     

DM – Como é destinada a verba do governo para o órgão de saúde?

Garcia: “O SUS repassa o dinheiro para cada unidade de saúde municipal, de acordo com o censo populacional da cidade, e Goiânia tem em média 1,3 milhão de habitantes. Assim, a verba repassada ao município goiano fica aquém da realidade do atendimento do HC, que recebe cerca de 3 milhões de pessoas por ano, sendo que a maioria vem de fora do Estado”.

DM – Quais os principais problemas que o hospital enfrenta?

Garcia: “Devido à grande demanda de atendimento, gastamos mais do que recebemos e assistência médica é muito caro. Quando adquirimos uma dívida que extrapole o orçamento, o governo federal analisa junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), e repassa uma verba a mais, quando a situação fica muito crítica. No entanto, o grande problema é a falta de funcionários, porque os nossos colaboradores são contratados somente através de concurso público. Desde 2004, não temos processo seletivo federal para aumento de pessoal, quando ocorreu foi para a manutenção do quadro. Entre 2004 e 2010, perdemos uma quantidade muito grande de trabalhadores e hoje temos um déficit de cerca de 600 funcionários. O número de concursados emprestados de outros órgãos são 190 da SMS, 70 da Secretaria Estadual de Saúde (SES), 400 da fundação, todas essas vagas deveriam ser ocupadas através de concursos. Graças a ajuda dessas pessoas é que temos um bom funcionamento”.

DM – O HC sofre com a falta de insumos fundamentais para o desenvolvimento das atividades médicas?

Garcia: “Não. O MEC está repondo todo parque tecnológico do hospital e temos aparelhagens de última geração funcionando normalmente. Existem os problemas de verba para manutenção dos equipamentos porque é muito caro a assistência técnica. O governo federal também não tem deixado os serviços do HC parar por falta de insumos”.

DM – Quanto que o hospital recebe de verba para assistência em geral?

Garcia: “Para assistência recebemos aproximadamente R$ 4,5 milhões por mês, parte do valor é usado para pagar os funcionários cedidos de outros órgãos e prestadores de serviços terceirizados. Entretanto, parte deste dinheiro poderia ser gasto em melhorias no atendimento aos pacientes em tratamento no HC”.   

DM – Os pacientes estão satisfeitos com os atendimentos do HC?

Garcia: Foi feito recentemente uma pesquisa de satisfação revelando que 70% dos pacientes estão satisfeito com assistência do local. O atendimento do pessoal do HC é humanizado e mais acolhedor, mesmo que a gente não consiga gerar um resultado técnico, às vezes por impossibilidade, mas a proximidade do nosso trabalhador é muito grande.

DM – E os outros 30%, por que não estão satisfeitos?

Garcia: Geralmente é uma prótese que o SUS não financia e nós não podemos pagar, às vezes tem paciente que deseja tomar uma medicação experimental contra um câncer que custa mais de R$ 20 mil e dependendo, o indivíduo pode chegar a tomar 40 doses do remédio. São fatos como esses e outros que ocorrem diariamente.

DM – Qual a expectativa para o futuro do HC?

Garcia: “Com a construção do novo prédio, que vai aumentar o atendimento para 600 leitos, a expectativa é que sejamos o melhor hospital universitário federal do País. Através da ampliação teremos mais capacidade de tecnologia de ponta”.    

 

Diário da Manhã – Elpides Carvalho

Fonte: http://dm.com.br

Foto: Google

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