A direção do SINT-IFESgo, legítimo representante dos trabalhadores técnico-administrativos (TAE) em Goiás, vem a público, mais uma vez, manifestar seu fundado receio em relação às últimas determinações dos Governos Federal e Estadual, que, na contramão do que é preconizado pelos diversos especialistas em saúde pública, propõe a retomada das atividades administrativas em nossas instituições, mesmo com o calendário acadêmico suspenso.
O isolamento social ainda é a melhor e mais eficiente ferramenta de combate à pandemia provocada pelo COVID-19 até o momento, conforme as atuais evidências científicas. Este consenso serve de base para a manutenção da suspensão aulas e demais atividades acadêmicas e administrativas resguardando-se corretamente a saúde dos estudantes e servidores de nossas instituições.
Ao contrário das aulas, que efetivamente estão paralisadas, a maior parte das atividades administrativas de nossas instituições estão sendo realizadas de forma remota. Mantendo-se a devida execução presencial das atividades essenciais de nossas instituições, como segurança, manutenção de animais, equipamentos e experimentos, pelo que não se constata nenhum prejuízo até o presente momento.
Além disso, há um incremento nas ações do Hospital das Clínicas, Hospital Veterinário e dos diversos laboratórios clínicos, que mantêm suas atividades presenciais de forma intensa, e redirecionando inclusive suas atividades de pesquisa e serviços para prestar um importantíssimo serviço no atendimento ao público neste momento de pandemia do COVID-19.
Segundo nota técnica publicada no site da Fundação Osvaldo Cruz, em 22/04/2020, “as mortes provocadas por Covid-19 têm dobrado, em média, num intervalo de cinco dias no Brasil. Nos Estados Unidos e no Equador, países com taxas altas de disseminação da epidemia, o intervalo para essa duplicação, em período similar, seria de seis dias. Na Itália e na Espanha, oito”.
O governo do Estado de Goiás, cede às pressões políticas do governo federal, de empresários e do mercado financeiro, ansiosos por retomarem as atividades comerciais, sem embasamento científico de protocolos de retorno. Tal determinação da flexibilização da quarentena, nos coloca sob risco de caos nos hospitais públicos, como já é a atual realidade de cidades brasileiras, em que os médicos são obrigados a escolherem qual paciente irá usar respiradores,o que aprofunda o risco de óbitos em todo sistema de saúde, principalmente no SUS.
Não bastassem as evidências científicas na área médica e sanitária, os próprios economistas, de diversas matrizes, evidenciam um “quase-consenso” de que há um falso dilema entre vida x economia: salvando vidas agora, o impacto negativo na economia será menor. Ou seja, se o empresariado e gestores insistirem em tratar uma pandemia global como algo “negociável” e flexibilizar o único protocolo recomendado neste momento (isolamento social), o sistema de saúde entrará em colapso e a recessão econômica terá consequências ainda piores e por maior lapso temporal. A exemplo dos países que se posicionaram por um protocolo diferente de flexibilização, como a Itália e Inglaterra, hoje se arrependem amargamente, pois o preço do erro são as vidas ceifadas.
Diante deste cenário, não faz qualquer sentido que, em nossas instituições federais retomem às atividades acadêmicas e administrativas de forma presencial, em uma época singular em que a própria humanidade não possui certezas sobre o contágio (que vai além dos grupos de risco, com crianças e jovens adultos vindo à óbito), sem perspectiva a curto prazo da produção de uma vacina, e em que o mínimo risco é o suficiente para levar alguma pessoa à morte.
Todas as vidas importam!
Esta não é uma negociação sindical entre os dois lados clássicos da relação “patrão-empregado”. Estamos diante de um dos momentos mais difíceis da humanidade. Não se negocia com vírus! Não se negocia com vidas humanas! Portanto, o SINT-IFESgo mantém sua posição intransigente de defesa integral da saúde e da vida, e reivindicamos:
– Integral proteção aos técnico-administrativos e demais trabalhadores que realizam serviços essenciais nas IFEs, a exemplo dos profissionais do Hospital da Clínica e Hospital Veterinário entre outros, garantindo os EPIs e EPCs (Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva) adequados, de acordo com as normas preconizadas pelos órgãos de controle;
– Manutenção do afastamento social dos demais servidores técnico-administrativos que não estejam em setores de serviços essênciais.
O SINT-IFESgo reafirma seu apoio e incentivo às diversas ações, dos técnico-administrativos em nossas instituições, na produção de EPIs e produtos de higiene, entre outras no combate ao COVID-19.
Pela vida, incondicionalmente!
Goiânia, 27 de abril de 2020.