Este é o tempo de ocupar,
de assustar os inseguros,
de sobressaltar os muros,
de distorcer os portões
– este é o tempo de ocupar
as certezas e os sertões!
este é o tempo de ocupar
os coletivos espaços
e neles forjar os aços
de um futuro que pressente
– este é o tempo de ocupar
o moinho improducente!
este é o tempo de ocupar
os vão sem voz, sem palavras,
os campos sem pás, sem lavras,
as fábricas em ruínas
– este é o tempo de ocupar os sonhos e as o?cinas!
este é o tempo de ocupar
as jaulas de lousa e giz,
de interceptar o juiz que desmorona o direito
– este é o tempo de ocupar os arsenais do despeito
este é o tempo de ocupar
o cais do conhecimento,
pulverizar o cimento dos tempos da hipocrisia
– este é o tempo de ocupar
os oásis da alegria!
este é o tempo de ocupar
as praças e os horizontes,
palácios, desejos, pontes,
se abraçar e resistir
– este é o tempo de ocupar estradas por onde rir!
este é o tempo de ocupar
o asfalto das ruas brancas,
derreter trincos e trancas,
escancarar as janelas
–este é o tempo de ocupar
cidades e defendê-las!
este é o tempo de ocupar
cada fração do relógio,
não temer o golpe, o ódio
dos autocratas senis
– este é o tempo de ocupar o ar e o chão do País!
Marcos Bagno é linguista, escritor e professor da UnB