O rendimento domiciliar per capita médio dos 40% com menores rendimentos foi de R$ 450 em Goiás, enquanto o rendimento médio dos 10% com maiores rendimentos foi de R$ 4.272
A pobreza e a extrema pobreza continuam, ano após ano, a ser uma grande marca na sociedade brasileira. Segundo os dados mais recentes do IBGE, Goiás é o terceiro estado com menor concentração de renda do país, sendo que 10% mais ricos ganham 2,39 vezes mais que os 40% mais pobres.
A desigualdade econômica pode ser avaliada por meio de razões entre décimos, acumulados ou não, da distribuição de rendimentos. Um exemplo é a razão ou índice de Palma, indicador popularizado pelos estudos do economista chileno Gabriel Palma, cuja principal conclusão é que as mudanças na desigualdade são determinadas, sobretudo, pelas mudanças nas parcelas de renda correspondentes aos 10% mais ricos e aos 40% mais pobres, enquanto a população nos décimos intermediários detém uma parcela estável do rendimento nacional, independentemente do país. Com base nessa proposição, o índice de Palma de concentração de renda é uma medida da captura da renda total do décimo com maiores rendimentos sobre a dos 40% com menores rendimentos.
Como visto anteriormente, os 10% com maiores rendimentos concentram 34,9% do rendimento domiciliar em Goiás. Por outro lado, os 40% com menores rendimentos concentram apenas 14,6%. Assim, o índice de Palma em Goiás é de 2,39, ou seja, os 10% mais ricos ganham 2,39 vezes mais que os 40% mais pobres. No Brasil, esse índice é maior, 3,71. Assim, Goiás se consolida entre as três UFs com menores concentrações de renda, como pode ser observado no Gráfico 4.
Para a cientista social, Aymê Sousa, a consequência de Goiás estar em um nível tão abaixo dos demais estados se dá principalmente pela mazela pessoal, familiar e social. “A consequência está ligado diretamente a uma má distribuição de renda e principalmente pela falta de uma política pública de pleno emprego. A governança goiana atual, enraizada no que há de mais arcaico do ponto de vista histórico, é ligada a ala liberal do espectro político nacional. Essa ala, denominada elite, não compactua e não tem simpatia pela parcela da população oriunda da miscigenação de raças que compõe nossa sociedade”, afirma ela.
Ela descreve ainda que a elite goiana, colonialmente preconceituosa, prefere fazer acordos com as elites europeias e americanas. “Desta forma, renega a origem de nossa formação como povo, lhe negando usufruir da riqueza que esta terra produz. Estamos neste baixo nível por falta de um acordo da elite com seu povo. Por falta de investimento em educação (pública) e tecnologia. Por falta de investimento nos professores e nos cursos técnicos. E estamos assim porque assim deseja a elite”.
Segundo Aymê, a única solução para mudar a situação atual é a educação. Ela destaca também que a história brasileira não contribui para que os números fossem favoráveis nos dias de hoje. “Os fatores são o histórico colonialista e escravagista. Suas práticas são reverberadas até hoje em um contexto de liberalismo e falta de oportunidades”.
Reprodução: Jornal Opção