No começo da noite desta quinta-feira (16), dezenas de estudantes negros da Universidade de São Paulo (USP) ocuparam a reitoria em defesa de cotas raciais em todos os cursos da universidade.
O chefe do departamento de Jornalismo da Escola de Comunicação e Arte, Dennis de Oliveira, ativista do movimento negro, explica que houve uma reunião do Conselho de Graduação da USP para discutir as cotas raciais.
De acordo com ele, a USP reservou 30% das vagas de todos os cursos para o Sisu (Sistema de Seleção Unificada) e dentro desses 30%, uma cota para negros e escolas públicas. “O nosso movimento é exatamente para ampliar essas cotas para todas as vagas da USP, independente do Sisu”, afirma Oliveira.
Já o estudante de História, Emerson Santos, diz que a ocupação é para haver uma reparação histórica para os negros e negras frequentarem os espaços públicos, como qualquer cidadão. “Os pretos, os pobres e os indígenas têm que falar sobre as suas vontades e necessiddes”, diz.
Para Santos, “não são os professores, que não conhecem a nossa realidade e não têm a nossa cor, que devem decidir por nós. Nós falamos por nós mesmos”.
O professor conta que a tropa de choque da Polícia Militar já cercou o prédio, causando tensão. “Os estudantes querem dialogar, porque existe um número muito pequeno de negros na USP e as cotas vêm para corrigir essa falha”.
Os ocupantes pedem o apoio de todos e todas que puderem fortalecer essa luta. “Precisamos de muita gente presente para frear a repressão”, diz Oliveira. Ele também pede a presença de advogados populares de plantão.
De acordo com Santos, “faz 10 anos que a USP se viu forçada a adotar um sistema de cotas raciais, mas enquanto, nesses 10 anos, a presença de negros nas universidades federais aumentou 230%, na USP não cresceu nem 10%, o que mostra que são cotas para inglês ver”. Saiba mais pela página do Facebok do movimento Por que a USP Não Tem Cotas?
Agora , diz ele, “resolvemos ocupar o estacionamento da reitoria e estamos fazendo uma assembleia com cerca de 300 pessoas para decidir se mantemos a ocupação ou encaminhamos a luta de outra forma”.
Fonte: Portal CTB – Marcos Aurélio Ruy