O Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho, é um marco internacional de reflexão e mobilização em defesa da natureza e da vida em todas as suas formas. Neste ano, a data ganha ainda mais relevância diante de graves retrocessos ambientais no Brasil, simbolizados pela aprovação, na Câmara dos Deputados, do chamado “PL da Devastação” (Projeto de Lei 364/2019). Esse projeto propõe flexibilizar regras para a ocupação de Áreas de Preservação Permanente (APPs), especialmente nas margens de rios e lagos, legalizando ocupações irregulares e estimulando o desmatamento em zonas ecologicamente frágeis. A medida ameaça diretamente a biodiversidade brasileira, amplia os riscos de tragédias ambientais e fere compromissos climáticos assumidos pelo país.
Esse cenário se agrava com o recente episódio de violência política de gênero sofrido pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, uma das mais respeitadas lideranças ambientais do mundo. Durante uma audiência no Congresso Nacional, Marina foi alvo de ataques misóginos e desrespeitosos, que buscavam silenciar sua atuação firme na defesa do meio ambiente e na proteção de comunidades tradicionais. A violência política de gênero é uma forma de ataque à democracia, pois tenta afastar as mulheres, especialmente as mulheres negras como Marina, dos espaços de poder e decisão.
O Brasil vive um momento emblemático de disputa entre projetos de futuro: de um lado, forças que aprofundam a lógica do extrativismo predatório e da destruição dos territórios; de outro, movimentos que defendem a preservação ambiental e a vida em sua diversidade. Nesse debate, ganham força as reflexões do pensador e liderança indígena Ailton Krenak sobre o Antropoceno — essa era marcada pelo domínio das ações humanas sobre a Terra, responsável por acelerar a crise climática, a degradação ambiental e as desigualdades sociais. Krenak nos alerta para a necessidade de “adiar o fim do mundo”, lembrando que resistir à destruição não é apenas uma questão ambiental, mas também uma luta ética, cultural e espiritual. É preciso questionar o modelo de desenvolvimento que transforma rios, florestas, animais e povos em mercadoria, e construir outras formas de habitar o planeta, baseadas no respeito aos ciclos naturais e nos saberes ancestrais.
Combater o fim do mundo passa, portanto, por enfrentar as mudanças climáticas com políticas públicas efetivas de proteção ambiental, redução das emissões de gases de efeito estufa e transição para modelos econômicos sustentáveis. Também exige fortalecer as lutas dos povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e movimentos socioambientais que, há séculos, resistem à exploração desenfreada dos territórios.
Neste contexto, é fundamental reconhecer e fortalecer a atuação dos Técnicos Administrativos em Educação (TAEs) das instituições federais de ensino, que desempenham papel essencial na promoção da educação ambiental, na gestão de políticas sustentáveis e na defesa dos direitos sociais. Os TAEs participam da elaboração e implementação de projetos de extensão e pesquisa voltados à preservação ambiental, à conscientização ecológica e à sustentabilidade nos campi universitários e institutos federais. Além disso, são agentes ativos na resistência a retrocessos socioambientais, articulando-se em fóruns, sindicatos e movimentos sociais para defender a educação pública, os direitos humanos e o meio ambiente.
Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, é urgente reafirmar a necessidade de políticas públicas que protejam os biomas brasileiros e valorizem as populações que vivem e cuidam desses territórios. É também momento de denunciar a tentativa de criminalização e silenciamento de lideranças ambientais e reforçar o compromisso com a democracia, a igualdade de gênero e a justiça socioambiental.
Chamamos toda a categoria TAE a se mobilizar em defesa do meio ambiente, da democracia e da justiça social. É hora de fortalecer nossas ações coletivas, apoiar as lutas socioambientais e ocupar os espaços institucionais e populares com o compromisso de proteger nossos territórios e garantir um futuro digno para as próximas gerações.
Defender o meio ambiente é defender a vida, a democracia e o futuro. Como nos ensina Ailton Krenak, é tempo de adiar o fim do mundo e de reencantar a nossa relação com a Terra. Defender a natureza é defender a democracia, a dignidade e o direito de todas e todos a um futuro possível.
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