O Grupo de Trabalho Sindical da Comissão da Verdade (CNV) promoveu nesta segunda-feira (22), um ato unitário para marcar os 30 anos da greve geral de 1983, quando o movimento sindical chamou a população para uma paralisação contra o regime militar, em vigor na época.
O ato, realizado na sede do Sindicato Nacional dos Aposentados, também iniciou oficialmente as atividades do Grupo de Trabalho “Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical” da CNV, que conta com a participação da coordenadora nacional da CNV, Rosa Cardoso, das centrais sindicais e de dirigentes sindicais, que reivindicam a reparação das atrocidades que sofreram, inclusive que haja reconhecimento político do papel da classe trabalhadora contra o golpe militar.
A CTB foi representada no Ato Sindical por seus dirigentes Rogério Nunes, secretário de Politicas Sociais e membro do GT, Raimunda Gomes, secretária da Mulher Trabalhadora, a assessora Márcia Viotto, e Joel Batista, dirigente da Fitmetal (Federação Interestadual de Metalúrgicos do Brasil).
Perseguição e tortura
Arnaldo Gonçalves que em 1983 era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santos, e Jair Meneguelli, que foi presidente da CUT, foram indicados para falar sobre a greve geral daquele ano. Meneguelli não compareceu e enviou Djalma Bom como seu representante, que relatou a perseguição policial que os sindicalistas sofreram em 83 dentro da igreja na praça da matriz.
Já Gonçalves relembrou que a greve de 1983 foi um importante passo para a democracia. Dois anos depois, em 1985, o Brasil teve ainda eleição indireta e elegeu Tancredo Neves para a presidência da República, que morreu sem assumir o cargo. A presidência foi ocupada por José Sarney.
No ato, dirigentes de todas as centrais sindicais deram depoimentos sobre o período da ditadura.
“O papel do GT Sindical será de resgatar a verdade e a reparação das injustiças que foram cometidas contra os dirigentes e trabalhadores nos anos de ditadura. Os crimes devem ser punidos pois muitos foram torturados e mortos”, destacou Rogério Nunes.
O sindicalista afirma que o compromisso será resgatar até o ano que vem todas as lideranças que foram perseguidas e colocar em evidência a verdade. “Faremos o levantamento do maior número possível de casos para cobrar justiça, encaminhando todos os aspectos legais e de reparação que o estado tem que assumir”, ressaltou o cetebista.
O GT também pretende investigar as empresas privadas e públicas por supostamente terem criado listas negras de funcionários “subversivos” e terem colaborado com a polícia política do regime.
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