Autor(es): » VERA BATISTA » PRISCILLA OLIVEIRA » JULIANA BRAGA |
Correio Braziliense – 22/08/2012 |
Policiais federais e funcionários do Judiciário protestam contra o que classificam de intransigência do Palácio do Planalto Brasília – Manifestantes queimam cópias de acordos que não teriam sido cumpridos São Paulo – No aeroporto de Congonhas, panfletagem em busca de apoio popular Os policiais federais decidiram partir para o confronto total contra o governo. Impedidos pela Justiça de executarem as operações padrões que causaram transtornos à população e às empresas, ao tumultuarem aeroportos, portos e postos de fronteiras do país, e ameaçados do corte de pontos, eles se rebelaram contra o que chamam de descaso. O Ministério do Planejamento deveria recebê-los ontem para apresentar uma proposta efetiva de reajuste de salários, mas a conversa foi adiada para amanhã. Com isso, saíram às ruas em protesto, ocuparam áreas de embarques de aeroportos e impuseram barreiras nas divisas estratégicas do Brasil com os vizinhos. Lideraram uma onda de caos. Os agentes estão convencidos de que o governo não dá o devido valor à categoria, considerada estratégica para o país, e de que está levando a Polícia Federal ao sucateamento. Para sustentar esse discurso, lideranças sindicais prometeram distribuir relatórios provando que o país carece de segurança para receber grandes eventos como a Copa do Mundo e a Olimpíada de 2016 e que medidas para reprimir o terrorismo não estão sendo tomadas, como o Plano de Segurança de Aviação Civil. Na região da tríplice fronteira (Brasil-Argentina-Paraguai), só existem quatro plantonistas. Os representantes da categoria afirmaram ainda que bastou uma ação menos incisiva ontem para que a Ponte da Amizade, que separa o país do Paraguai, se transformasse em um corredor livre para o tráfico de drogas. “O Brasil será desmoralizado perante o mundo. O nosso documento colocará em xeque a segurança para receber a Copa do Mundo e a Olimpíada”, disse o presidente do Sindicato dos Policiais Federais em Minas Gerais, Renato Deslandes. A indignação motivou os protestos por todo o Brasil, sendo as manifestações mais intensas observadas em Brasília, onde queimaram réplicas de promessas de acordos com o governo para a reestruturação da carreira, e nos aeroportos do Rio de Janeiro, de São Paulo (Congonhas), de Porto Alegre, de Salvador, de Minas Gerais, do Espírito Santo e do Rio Grande do Sul. Serviços prejudicados Na avaliação de Adams, a proposta do governo, de reajuste de 15,8% entre 2013 e 2105 para todos os servidores, atende às demandas. “É uma proposta que eu entendo como muito boa, porque dá uma estabilidade maior para o funcionalismo. Não vejo por que rejeitá-la, pois está além das expectativas inflacionária do país”, disse. De acordo com ele, não aceitar o aumento proposto pelo Palácio do Planalto será pior para os grevistas, já que correções maiores são economicamente inviáveis. “Se não concordarem com a proposta, não terão aumento. É uma decisão que eles precisarão tomar”, completou. Os policiais estão em greve há duas semanas. Além do reajuste, a principal reivindicação é a reestruturação das carreiras de agentes, escrivães e papiloscopistas, que vem sendo negociada há mais de três anos. Como estão cientes da negativa da presidente Dilma Rousseff, foram ontem para a porta do Planalto, onde fizeram uma fogueira na qual queimaram o termo de compromisso firmado com o governo para reestruturação de cargos e salários, que deveria ter entrado em vigor em 31 de março do ano passado. “Não queremos dinheiro, muito menos esses 15,8% que estão sendo oferecidos. Abrimos mão até da contratação de pessoal. Queremos que nosso plano de carreira saia do Planejamento e vá para a Casa Civil”, destacou Leilane Ribeiro de Oliveira, presidente do Sindicato Nacional dos Servidores do Plano Especial de Cargos da PF. Amanhã, às 11 horas, a categoria fará um protesto em frente ao Ministério do Planejamento. Pedirá que o secretário de Relações do Trabalho, Sérgio Mendonça, olhe pela janela. “Soltaremos 100 balões e diremos que cada um deles representa R$ 1 mil que está sendo gasto com o desvio de função”, destacou Leilane. |